Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

A promessa


Dizem que eu não levo nada a sério. Bobagem! Só não espere demonstrações de seriedade. Falar de maneira fria e determinada, não se dar ao luxo de rir e brincar, ficar emburrado falando dos problemas da vida... Demonstrações de hesitação na minha opinião. Quem realmente tem objetivos traçados e força para lutar por eles não precisa fazer pose. Por trás do meu esteriótipo sereno existe um conquistador guerreiro. Homem de sonhos grandiosos e de arrependimentos pesados. Algo como um velho soldado que conta de maneira divertida suas grandes e tristes batalhas. Coisa bem exagerada para alguém de 23 anos. Mas é assim que sou, por dentro. E só quem me conhece muito bem pode confirmar ou não oque digo. Bom, de qualquer forma não foi para revelar o segredo do meu ser que resolvi escrever. Foi para desabafar um pouco da dor que sinto. Mais uma derrota pesada na minha história. Ontem desceu ao túmulo um corpo frio outrora habitado por alguém que e amou. Era minha madrinha de batismo. Pessoa escolhida para o cargo pelos meus pais e que a principio não tinha motivos para me amar. Alheia a minha vida e não pertencente a minha família. Mulher que eu nunca me esforcei em conhecer e nunca a procurei, até agora. Só fui vela nos últimos dias de sua história. Debilitada numa cama de hospital, arruinada por uma doença que enfraquecera nos últimos 15 anos. As poucas lembranças que tinha dela era da infância, quando meus pais me levaram esporadicamente a casa dela e lá passávamos o dia. Ela tinha sempre um sorriso no rosto e uma bronca pra dar. Pegava no pé mesmo! Não media palavras. Mas nunca me magoou com oque disse, era dotada de uma sabedoria grande e tinha ao seu lado a razão que os velhos sempre tem. Embora só tenha ficado velha agora. 65 anos. Hoje eu sinto uma dor ao pensar que poderiam ter sido mais alguns. Eu poderia estar ao lado dela nesses outros que viriam. Tarde demais. Ela morreu. Porem antes de morrer eu a vi pela ultima vez. Mesmo desmemoriada e sem poder falar a dias, ela falou comigo e se lembrou dos tempos que eu era criança. Me deu bronca ,isentivo, carinho e brincou comigo. Me disse quem tem fé não tem motivos para temer nada. E sorrindo, sempre sorrindo, disse que eu era um bom rapaz. Que me amava! Ontem no caixão ainda estava sorrindo, o corpo. E a alma radiante também estava festiva. Cantava. Eu sorri, entre lágrimas e minhas próprias cantorias. Fiquei ao lado do corpo até o fim. Terra sobre o caixão sempre dói no coração. Chorei minhas lagrimas fujonas. Mas nessa despedida não senti o peso que as outras, no passado, tiveram. Mesmo tendo sido ausente parece que naquele dia meu erro foi redimido. O sorriso que ganhei no leito para mim foi uma afirmação. Missão cumprida. Paguei com amor o amor que me deram, mesmo que distante. E ela foi ao paraíso sabendo disso. Cumpri com ela a promessa que fiz ao mundo. E que esta cravada em meu braço esquerdo. Sou um protetor. Sempre tive em mente que cada um tem uma missão nesse mundo. Mas como não sou fã de destino, escolhi a duras penas a minha. Eu protejo! Seja quem for e da maneira que puder. Amo e cuido dos que me amam, amaram ou talvez amarão. Tento ser presente e conselheiro. Estar sempre lá faça chuva ou sol. Nunca desanimar, nunca demonstrar fraqueza. Ser exemplo. E isso dói! Carregar o mundo nas costas é uma ideia estupida! Mas eu fico feliz em tentar. E as vezes conseguir. Um sorriso vale minha alma. È assim que me sinto. E o riso da madrinha foi algo mais que isso. Foi um grande incentivo, o caminho é esse! Mas nesse caminho que eu mesmo escolhi, é até fácil seguir... Mas tem um problema sério. Dedicar a sua vida a fazer a vida alheia mais feliz tem um problema. Toda vida tem um fim. E dói quando a uma das suas razões de viver decide partir. Cada um que se vai, seja pela morte ou pela vontade de se afatsar leva parte de mim. Eu vou ficando retalhado. Dói! E cada vez é mais difícil continuar assim. Oque me salva é que ainda existam aqueles que me amam e que posso fazer sorrir. Mesmo assim as despedidas doem mais que tudo. Minha salvação e minha maldição. Uma promessa de amor. Não se se parece fácil ou se parece complicado mas é simples assim. Amor me faz chorar, me faz sorrir, me faz viver.

(Luto por Geraldina! Te amo madrinha, espera ai que um dia eu chego e colocamos nosso papo em dia!)

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