Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



terça-feira, 20 de outubro de 2009

A equilibrista e o palhaço

As luzes se apagaram, um unico canhão de luz iluminava o centro do palco. Da escuridão surge ela, graciosa.
A delicadesa de uma bailarina, a flexibilidade de uma boneca de pano, a coragem de uma adestrador de leões e um soriso de anjo. Assim era ela aos olhos dele, palhaço. Que naquele momento não passava de mais um espectador ancioso para ver a próxima atração. Pobre palhaço.
Pendurada em simples lençois coloridos a delicada equilibrista foi erguida no ar. Enrolada nos lençois ela fazia mil acrobacias, se enrolava e desenrolava, subia e descia. E sempre sorria.
Mas lá no chão alguem sofria. Cada vez que ela sobia um coração batia mais devagar, quando desci batia mais rapido. A cada giro ousado um certo par de olhos tentavam se fechar, mas nunca conseguiam por medo de perder alguma pose dela. A cada soriso os olhos do palhaço brilhavam.
Ela lá em cima, linda e iluminada, dançava no ar. Ele lá em baixo , no escuro e meio de ldo, imitava o seu dançar. Era como se estivessem dançando juntos abraçados, mas cada um no seu lugar.
Ela soria, posava e acenava para todos que lá estavam. Ele só tinha olhos para ela, nem piscava. Coitado.
Ele olhava ela com olhos apaixonados. Via um anjo. Ele, mesmo no chão, parecia estar nas nuvens. Bailava leve, lentamente, aconpalhando os movimentos da equilibrista.
Ela , mesmo lá em cima, dançava com firmeza e energia. Bailava determinada, sobera, como se nada pudesse lhe empedir de dançar. 
Ele parecia desejar poder voar, ou de alguma forma poder alcançar a equilibrist que bailava no ar. Ela parecia ser natural de lá, parecia ter nascido assim, flutuando no ar. Na mento louca do palhaço ele podia ver ela ainda bebê angatinhando no ar.
No fim da apresentação ela descia de ponta cabaça, deslizando pelos lençois. E só quando tocava o chão é que o palhaço voltava a respirar. O picareiro de iluminava e ele entrava correndo para ver como ela estava. No seu rosto via-se a mistura de orgulho e alivio, na forma de um riso infantil. Risada de palhaço.
No caminho até ela um tropeço, ensaiado. Cai de cara, aos pés da moça e lhe estende uma flor de pano. Ela , que toda noite ganha a mesma flor, agradece. Não a ele, a platéia.  E vai saindo ligeirinho do picadeiro.
Ele lá no chão fica fazendo graça, levanta de um jeito torto, limpa a poeira da roupa, busca o chapéu que rolou pelo palco. Pega com o pé, joga para cima e coloca na cabeça. Fazendo assim muitos risos surgirem na platéia. E um deles é especial. É o da equilibrista que se adimira em ver a facilidade que ele, pobre palhaço, tem em trazer alegria. Não precisa se espor as riscos, não precisar treinar mil poses, basta cair no chão e se levantar.
E ela fica lá nos bastidores vendo as graças do charlatão. Adimirando cada piada e cada desengonçado trupicão. Riso a cada gesto exagerado, a cada história inventada e cada piada. Quase sempre a mesma piada.
Mas ela jamais deixa que ela a veja, para não adimitir que se diverte e acha graça. E a vida no circo vai seguindo sempre assim. Noite após noite. Quando um esta no picadeiro o outro esta a adimirar. Adiferença é que o palhaço, que tem fama de se esconder atras da pintura e da fantasia, não se escnde. Quem se esconde é a equilibrista, famosa por se mostrar.
Mas no circo é sempre assim, sempre acontece aquilo que ninguem podia esperar.

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