Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



sábado, 21 de agosto de 2010

Waldermar da Paixão

Ta ai um homem que eu nunca conheci. Esse ai nem de longe eu vi. Alias seja da paixão ou não, nunca nem conheci Waldemar nenhum. Homem que nunca vi, com voz que nunca ouvi. E isso já motivo bastante para não ter oque dizer. Mas digo. Ou dizem, já que eu não ouvi pra poder dizer. Era muito bonita a voz de waldemar. Eu não ouvi e nem podia, pois sou de são paulo e Waldemar era da Bahia. Com certeza não sei dele o endereço, mas era na liberdade a roda de seu Waldemar. Digo "roda" pois falo de um capoeira. Ou falam, já que nunca vi esse mulato jinga. E até memso se falo que era o tal um mulato é por que ouvi ou vi em algum lugar. Isso não há de importar. Oque importa por agora é coisa do passado, é a voz de Waldemar. Que eu nuca pude escutar, nem ela e nem o eco dela de descia lento as ladeiras da Liberdade. O som era lento, manso e largado. Assim como o tal waldemar. Esse mesmo que não conheço e do qual não sei é nada. Mas ele sabia alguma coisa. Alias sabia era coisa muita, pois até ensinava oque sabia lá na rampa do mercado. Lá pelos lados da cidade baixa. Na terra baiana que eu nunca pisei, num bairro que nunca visitei e jogando a capoeira que eu nunca joguei era que Waldemar mostrava oque sabia. E fazia valer o titulo de mestre Wlademar. Mesmo que eu nunca tenha ouvido ou lido que valdemar fez mestrado. Mas creio que não fosse preciso já que na arte do vadiar, do enganar e do esperar não precisa de diploma pra ser mais que mestrado. E esse era Waldemar. Muit embora isso eu não possa afirmar, pois não conheci Waldemar da apixão. Até por que ele ganhou fama unas 40 anos antes deu nascer. E até hoje a fama do homem não veio visitar meu ouvido. Tinha fama de jogar manso, lerdo, brincando. Mas que tambem sabia ser agrecivo se fosse preciso ou de seu gosto. Já eu nunca vi Waldemar nem calmo e nem bravo. Nas rodas de capoeira do bairro da liberdade jogou Waldemar desde novo até as velhas idades. Foi a vida do homem jogar capoeira e tocar berimbau pintado. Disse até que foi ele mesmo que inventou essa moda de pintar berimbau. Mas se dise não foi pra mim. Que nunca o ouvi e nem nunca tive berimbau. Seja comum ou pintado. Mas a culpa de não conhecer Waldemar é em parte dele mesmo, que nunca foi chegado a se mostrar. Foi só depois de velho que foi aceitando a gravar a voz cantando ladainhas de capoeira. Mas eu nunca que ouvi nenhuma dessas gravações. Pois não conheço nem de rosto e nem de voz esse tal de Waldemar. Se me colocarem na frente sem fotos de waldemar, sem vezes eu vou dizer que não sei quem é!
POis me conheço muito bem. Bem o bastante para saber que não conheço esse homem Waldemar. Esse que mesmo já velho, sem força pra arriscar entrar na roda e com a doença de Parkinson lhe impedindo de tocar o berimbau, cantava nas rodas de capoeira no fim de tarde lá na Liberdade. Um canto que não ouvi, mas quem ouviu até hoje sente saudade. Pois Waldemar eu não conheci e nem vou conhecer. Que Deus chamou o velho antes da vida nos apresentar. E até a voz percistente do mestre eu não conheço até hoje, muitos anos depois que ele já se foi. Waldemar cantando eu nunca que vou ouvir. Mas quem ouviu sempre diz que era coisa de emocinar. E emoção eu conheço, conheço até uma de aperta o peito de jeito gostoso quando o capoeira canta uma canção. E de todas as canções de capoeira a que mais gosto é uma que diz;
Iêêêê chora capoeira, iêêêê chora de solidão. Que falta que faz ao mundo seu Waldemar da paixão. Emoção tanta que até eu que não sou capoeira, nem baiano, nem da Liberdade, nem nunca vi o rosto dele e não ouvi o mestre cantar acabo me uninco ao coro no refrão. Repetindo com pesar de quem sente mesmo saudade das grandes. Que alta que faz ao mundo seu Waldemar da paixão!

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