Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cadeira Vazia


Alguns mls de cachaça virados do fim da garrafa, algumas horas de trabalho bebado operando equipamento pesado. Culpa da teimosia dele em não querer sair antes do fim da garrafa, não sei esperar por nada virei a garrafa. Perto desse sentimento de falta trabalhar bebado não foi nada. Mas a lembrança agora é tudo. Ou melhor dizendo, são tudo! Pois são muitas. O dia que caçamos o morcego na tola tentativa de ter um animal exotico de estimação. Correndo na noite escura imitando o som do bicho e jogando a rede pro alto sem pegar nada alem de espaço. A bronca que eu dei e ele ignorou enquanto andava na beira da ponte. Se ventasse podia ter caido! Mas o disgraçado sempre teve uma relação inversamente proporcional entre a sorte e o juizo. Nojento lembrar que andou quase um mes com o cuturno vomitado, por sorte choveu e lavou o calçado. Engraçado lembrar da vez que resolveu não cortar o cabelo, parecia que adotará uma ovelha loira e a carregava na cabeça. Chamavamos a ovelha de Bá! Foi afavor do pastel de Ruffles com baicon. Mas não comeu, é claro. O arroz que fazia sempre empapado, nosso tradicional risoto improvisado. As vezes queimado. Blé! Enjoa lembrar do macarrão intragavel que fez com atum no meu aniversario. Mas perdi tanto sangue na tatuagem que comeria qualquer coisa. Infelizmente "qualquer coisa" inclui aquele macarrão. Estava comigo no beco sinistro falando oque não se deve falar em certos lugares a meia noite, e voltou comigo para pagar o preço combinado. Ao meio dia e com um medo danado. Foi por culpa dele que corri das balas inquietas do revolver de um corno contrariado. Alias estava lá quando fez a promessa de nunca mais fugir das encrencas da vida, promessa marcada a ferro quente em sua mão! Sorte que eu tinha pomada para queimadura. Na caminhada mais longa ele estava comigo. Dia quente, muita subida, muita descida, nunca chegava. Quando chegamos nos jogamos no chão e a prima dele, caridosa, nos jogou uma jarra de água. Fria! Sofreu com arranhões do gato assasino, que lhe cortaram fundo as costas e lhe roubaram um pouco de sangue. Mas não culpo o gato, dessa vez, pois o pobre bichado foi mil vezes chacualhado numa caixa de papelão antes de resolver reagir. Quebrou azuleijo comma mão. Pouco esperto rasgou a mão. Mas não desistiu e continuou. Um galo na cabeça foi o resultado da outra opção encontrada para quebrar ceramica. Lembro que me perseguiu com uma serra quando descobriu meu namoro com a sua prima. E que não disse nada quando, antes de mim, soube que esse namoro não duraria. Lhe paguei muita comida. Me pagou bons lanches tambem. Me ensinou a andar de bicicleta. Ainda lembro bem do empurrão que me deu dizendo. "Pedala rápidão que não tem erro" O erro foi a falta de freio. Me jogou uma barata, por achar que tinha medo. Até tinha, mas não fugi e nem gritei só para não lhe dar o contentamento da brincadeira infeliz. Dançamos bebados e sobrios pelas noites da cidade. Procuramos juntos o bar ideal que nunca encontramos. Frequentamos butecos malcheirosos. Teve um facão como amigo e foi abrindo a trilha, derrubou uma arvore na minha cabeça. Nâo foi galho não, foi arvore inteira. De raspão, me arranhou inteiro. Comprou as minhas brigas, carregou as minhas culpas, ficou com a autoria das minhas mentiras descobertas e sempre reclamava de ser o culpado sem culpa. Eu ria. Ouviamos musicas violentas, piadas cretinas. Humor negro. Batalha medieval. Jogos eletronicos. Uma dupla sem estretégia, pura força. SE achava indestrutivel, eu achava uma piada. Os dois riam. Risada irritante a dele. Um "Dughhhhh! A cada vez que se sentia dono da situação, apontando suas falhas sem dó e sem palavras. Eu retribuiacom palavras. Orelhudo! Era oque mais eu falava, já ele sempre iventava uma nova piada, sem graça. Machucados de briga, zumbis de fim de balada.Quis ser triatleta, homem de ferro, maratonista, lider de banda, xamã, terrorista, anarquista, maçom! Não foi nada. E hoje é bem menos do que já foi um dia. Cadeira Vazia...

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