Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



terça-feira, 19 de maio de 2009

Seu Jorge de Araujo



Mais uma vez confere as malas. Nada pode ser esquecido, principalmente as lembranças daquela cidade santa. Olha pela janela do hotel e vê as ruas estreitas de casas antigas pela ultima vez.
Não.. não sera a ultima vez. É isso que pensa enquanto se prepara para partir.
Um rápido café da manhã, cheio de rostos sonolentos, e lá esta ele sentado na poltrona 33 do onibus que parte para a capital do país.
Pela janela ele vê as ultimas imagens da cidade que tanto gostou de visitar. Demorou uma vida inteira, mas valeu mesmo a pena ter enfrentado a viagem.
Ao sair da cidade a ultima imagem da basilica, agora pequena como uma capela. Ele faz o sinal da cruz e pede para ter uma boa viagem.
E começa a viagem do senhor Jorge de Araujo a cidade de Brasília. Uma longa viagem, que mesmo em poltrona macia, é muito desconfortavel.
As sonecas são intercaladas de converssas animadas sobre tudo que foi visto na bela cidade e da beleza inigualavel do Vale do Paraiba. E em uma das paradas ele aproveita para brincar com o companheiro de viagem que não aguentou acompanha-lo em suas caminhadas.
As piadas acabam com duas chicaras de café, uma para cada, pagas por ele mesmo.
Após dois dias de viagem e muita conversa, eles entram nas grandes e largas avenidas da capital da nação.
Os olhos agora viam os prédios brancos da cidade planejada, e a mente brincava com o contraste que aquela modernidade causava quando comparada com as estreitas ruas da antiga cidade de Aparecida.
Despedidas e abraços. Novos e velhos amigos que se despendem depois de uma semana muito alegre e reconfortante. Nada como exercitar a fé e a amizade de uma só vez.
E as pernas! Não vamos esquecer das pernas, que estavam doloridas da viagem. E exatamente pela dor nas pernas ele se apressa a ir para casa e receber seu merecido descanço.
Chegando em casa o sentimento de "lar doce lar" inundou seu corpo e seus olhos ficaram felizes de ver os sorrisos que vinham das fotos espalhadas pelas paredes do apartamento. .As malas sõa largadas num canto e logo ele se deita para descansar. O sono de alguem exausto de felicidade.
Mas logo o sono acaba e a realidade volta.
A vida setorna rotina e as lembranças antes tão vivas, passam a suaves recordações.
Com o passar dos dias as malas são pouco a pouco desfeitas e tudo começa a parecer apenas cenas de um passado distante. Mas entre as roupas e bibelos que comprou na viagem ele encontra a velha camera.
Aquela que o acompanha a Tantos anos e que já o ajudou a encher a casa de belas paisagens e risos cinseros.
Leva as fotos para revelação e quando volta para casa com as fotos no envelope, senta-se e o abre. Dele tira as fotos da cidade santa e dos amigos que o acompanharam na longa viagem.
E meio que perdida antre as fotos de rostos conhecidos surge uma diferente.
Nela Jorge vê um jovem casal, soridentes e abraçados. Soriso apaixonado e aquele soriso de quem esuqeceu que o mundo tem problemas.
Ele para para pensar como estariam aqueles dois jovens que foram tão simpacicos com ele.
Estariam bem? Estariam juntos?
E sem perceber, lá estava ele imaginando inutilmente como seria a vida do tal casal.
E passou-se varios minutos ali admirando aquelas duas figuras alegres abraçados, ambos com um terço de madeira nas mãos.
Imaginou uma vida boa e tranquila para aquelas figuras, uma casa grande e confortavel, amigos, viagens, filhos, uma aposentadoria feliz e quando eles estivessem velhinhos ele imaginou que eles poderiam estar lá na cidade santa recebendo a ajuda de outro jovem casal...
E assim se passou boa parte do seu dia, imaginando uma história da qual ele é personagem, mesmo que figurante com poucas falas, e jamais saberia o final.
Assim como eu que acabei de contar a vocês a minha visão do que poderia ser a continuação de um encontro inesperadoque aconteceu esse fim de semana.
Jamais saberei oque aconteceu com o senhor Jorge ou com a tal foto que ele tirou de mim e da moça... mas gosto de imaginar que ele esteja feliz em uma casa confortavel pensando que eu estou feliz em um casa confortevel...
Mas na verdade essa vai ser uma história da minha vida que eu jamais poderei contar. Pois não tenho como saber onde a tal foto foi parar.

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