Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



quinta-feira, 25 de junho de 2009

Valsa do Roseiral


Uma dança estranha, uma valsa timida. Foi isso que viu quem passou pelo velho jardim. Ali, onde antes havia um roseiral, encortava-se um casal. Ela tuda encolhida num banco, olhar vago com que adimirando a beleza das rosas que já não existiam. Ele de pé, rosto sério e olhos funebres, como quem admira o ultimo suspiro de um ente querido, paralisado pelo medo e revoltado com a vida.
Estes dois corpos tão distantes e indiferentes dançavam, mesmo sem perceber. O primeiro passo foi dele. Um passo para trás, desses de quem quer ir embora. Em seguida foi a vez da dama, impedindo o segundo passo do cavalheiro ao segurar-lhe a mãe.
Uma lagrima no rosto dela, ele deu uma passo a frente. Ela limpou o rosto. Ele se fez indiferente.
Ela lhe olhou nos olhos, ele olhou a paisagem. Ele bufou de raiva, ela admirou o chão.
Ela tremeu e desabafou seus sentimentos. Ele fingiu escutar o som dos passaros.
Ela he olhou apaixonada. Ele se jogou no banco, ao lado dela.
Ele fez de tudo para não olhar para ela. Ela lhe segurou a mão.
Ele notou uma tábua solta, ela olhou o lugar, do teto ao chão.
Ela lhe acariciou a mãe, ele a puxou rapidamente.
Ela se encolheu ainda mais, ele a olhou tristimente.
Ela se sentou mais arumada, e olhou a paisagem dando-lhe as costas.
Ele teve a iniciativa de ir embora, mas ao contrario lhe puxou pela mão.
Ela entendeu o gesto dele, e o se jogou nos braços dele.
Ele a abraçou com cautela, e a olhou com temor.
Ela se levantou e ajuelhou no banco, dizendo a ele tudo que tinha a dizer.
Ele a ouviu fazendo caretas, de quem parece saber que vai se arrepender.
Mais uma vez ela fitou o chão e ele olhou o próprio sapato.
Com as mãos no joelho ele baançou a cabeça positivamente.
Mais uma vez ela pulou em seus braços.
Se olharam como todo bom casal apaixonado. E como todo bom casal apaixonado se beijaram.
Ele ainda recioso a admirou, como quem olha algo ela ultima vez.
Ela sorriu para ela, da mesma maneira que fez na primeira vez.
Mais um beijo apaixonado, outro e mais outro.
No intervalo risos e paiadas tolas de quem tenta esquecer tudo de ruim que aconteceu.
Ele se levanta, diz algo sobre a hora.
Lhe oferece o casaco e ela nega com rosto feliz.
Com um só pulo, levanta do banco e o abraça forte como se achasse que ele iria fugir.
Ele apoia a cabeça dela em seu ombro e afaga teus lindos cabelos.
Ela o olha toda soridente e eles se abraçam, e se beijam.
E giram! Como crianças fazendo cocegas e sorrindo muito.
Vão andando, lado a lado. Abraçados como se sempre estivessem assim.
E vão saindo, assim coladinhos.
Deixando o velho roseiral para tras, como quem sai da pauco no fim do espetaculo.
E assim terminou a estranha valsa, a timida dança do velho roseiral.

Nenhum comentário: