Desistir???

Este é um conceito que eu demorei a entender.
Eu sempre gostei de competir! A adrenalina toma conta do corpo, os musculos fazem o máximo para te levar a vitória, a mente trabalha a mil e nada mais é importante, só a vitória.
É claro que as vezes nós ganhamos e as vezes nós perdemos. Mas sempre damos tudo para tentar vencer!
Isso é competir! E isso eu já nasci sabendo, mas existe um outro conceito que se chama desistir.
A palavra parece derrotista, coisa de fracassado. Mas até onde você esta disposto air pela vitória?
Sera que as vezes o preço da vitória não é alto demais? Sera que as vezes você ganha mais desistindo doque competindo?
Vejam ou meu caso. Quando eu era pequeno acreditava que desistir era sinal de fraqueza. E com certeza eu não queria demonstrar fraqueza.
Eu ia até as ultimas conseguencias pela vitória!
Certa vez, eu e alguns amiguinhos estavamos no quintal de casa brincando quando surgiu a ideia de uma corrida! Três voltas ao redor da casa, quem ganhar como toda gelatina! Eu não podia perder!!!
Combinamos onde seria a largada, contamos juntos. 1, 2, 3 e JÁ!!!
Todos correndo! Foi facil asumir a dianteira mas não foi facil manter. Eramos muito pequenos, uns 5 anos no máximo, e para nós uma volta na casa era uma distancia grande!
Quando completei metade da primeira volta vi que meu pai estava arrumando o protão do quintal, estava lá riscando o muro , mas eu nem parei pra perguntar oque ele iria fazer. Continuei correndo com toda a minha força!
Uma amiga minha, Samantha, estava quase me passando, era hora de apertar o passo! Corri como um raio e logo estava passando pelo meu pai novamente. ele estava com a caixa de brocas da furadeira na mão. E foi só isso que eu pude ver! A Sam estava perto demis e eu não podia me dar ao luxo de ficar olhando a paisagem.
E chegamos a ultima volta. Eu estava na frente, mas estava exausto. A Sam estava muito perto. Eu não podia perder!!! joguei o corpo pra frente e corri como se minha vida dependesse disso.
Quando cheguei onde meu pai estava nem olhei para ele, mas vi um fio esticado bem na altura do meu joelho.
Eu podia ter me jogado de lado e apoiado na parede, mas a Sam iria me passar!
Eu ignorei o fio e tropecei nele. E quando vi que ia cari mesmo, só me joguei com mais força pra frente.
Cai de boca no chão e perdi um dos dentes da frente. Dente este que demorou uns 2 ou 3 anos para nascer!
E la fiquei eu, estirado no chão! Me contorcendo de dor!!! Coma a boca cheia de sangue. MUITO sangue.
Mas quando me levantei e meu pai, pedindo desculpa por não ter visto que o fio da furadeira tinha ficado esticado, foi me levar para a cozinha para ver o estrago foi que eu vi. Eu ganhei a corrida!!!
Cai depois da linha de chegada! Mas... não pude comer a gelatina por que fui para o hospital!
E só meus amigos que ficaram em casa comeram a gelatina. A minha gelatina, a gelatina que tinha me custado um dente!!!
É,eu teria ganhado mais se tivesse desistido! Mas desistir é para fracos...
Mas fracos com a barriga cheia de gelatina!
Se eu pudesse voltar no tempo eu com certeza voltaria naquele dia e me impediria de tropeçar naquele fio!
Mas infelizmente eu não posso. E é igualmente infeliz o fato de que não foi dessa vez que eu arendi a lição.
Anos depois, eu devia ter uns 11anos, eu me vi numa situação parecidissima! E se tivesse aprendido na primeira, não teria me achucado tanto na segunda!
Era uma corrida de carrinhos de madeira, skate e pedalinhos de plastico, (até triciculo Bi-Bi Tinha), Eram ao todo uns 12 competidores, de todas as idades. Uma corrida de descida na rua de casa,que era ingrime e tinha uma curva bem na metade.
A competição foi idéia das crianças menores, que estavam competindo em um pequeno treço da rua. Até que eu e mais dois amigos sugerimos a eles que fossem do inico ao fim da rua! Uma corrida bem mais rapida e emocionante! (sem dizer perigosa, já que o pavimento parecia queijo suiço)
Os piralhinhos goataram da ideia e até nos desafiaram! (olha só a ousadia!) Nós tambem participariamos, com nossos skates! só que iriamos sentados, para ficar mais justo!
Nós morremos de dar risada, nem a pau iriamos pagar esse mico! Mas os piralhos nos chamaram de medrosos, frangotes e mariquinhas! Não dava pra deixar pra lá!
Então lá fomos nós, uma bando de criança numa corrida histórica. Até hoje ela é lembrada lá na rua.
Todos corremos e logo no inicio da descida a disputa pelo primeiro lugar estava entre eu e o André, outro cada da minha idade.
Nós estavamos remando com os braços feito loucos! Para fazer os skates irem cada vez mais rapido.
Desviando dos buracos e tentando fechar o caminho do adversário. Estavamos lado a lado.
E foi logo depois da curva que a coisa ficou feia. Tinha um pessoal colocando uma rede de volei na rua.
E com a nossa gritaria de chingamentos, e ao verem aquele bando de veiculos infantis diferentes descendo em alta velocidade, o povo do volei deixou cair a rede.
O André só gritou a sua frase caracteristica para momentos de perigo. FUDEU!!!
Ele rapidamente utilizou os pés para parar o skate.
E eu vi nessa atitude dele uma fraqueza a ser explorada. Almentei a velocidade e tentei passar pela rede que caida. Mas não deu tempo a rede alcançou o chão antes da minha aproximação e o skate travou na rede. Me arremesando uns 4 metros a frente e me machucando muito. Ralei o rosto, braços em carne vida e uma bela torcida na perna.
Fiquei estendido no chão em quanto via a linha de cheada a alguns metros de mim.
Eu tinha vencido de novo, mas me sentia o pior dos perdedores. E ficou ainda pior quando minha priminha ( a do triciculo Bi-Bi) veio até mim e falou:
-Você não viu a rede?
É claro que eu tinha visto a rede, oque eu não vi é que eu não ganharia nada tentando passar por cima dela.
Eu deveria ter desistido.
BOm hoje eu já sei calcular o preço de minhas vitórias e sei bem até que preço eu estou disposto a pagar.
Mas fica aqui a dica, tentem penssar antes defazer merda.
Será que vale a pena?