Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



terça-feira, 29 de setembro de 2009

Teatro de Mácaras

Do que é feita a alma do artista? É  feita de retalhos , ou couro de camaleão? É pintada de varias cores, ou muda de cor conforme a ocasião? É uma unica alma, que pode mudar para agradar a multidão? Ou é uma multidadão de almas, lutando para conseguir seu espaço dentro de um unico cidadão? Seja qual for a resposta, não importa. No fim das contas é o personagem, e não o artista, que acaba chamando a atenção.

Ao sair coloca a mascara. É agora homem sério e de poucas palavras, com ar de preocupado sempre olhando o relógio. Nunca atrasado. Monossilábico, jamais começa uma converssa. Mas encerra todas com duas ou três frases no máximo. Sempre que pode lê um livro que carrega consigo, livro grosso de título e texto complicados. Usa o transporte sempre no mesmo horario, com as mesmas pessoas, todos os dias. Não conhece ninguem. Desce sempre no mesmo ponto. Muda a mascara.
É agora um garoto curioso e animado, desce sempre a quatro quarterões do seu destino. Claro que podia continuar sentado no onibus até chegar ao ponto mais próximo de onde trabalha, mas qual seria a graça? Prefere descer antes e andar, ver as pessoas e as lojas que estão abrindo. Anda com a cabeça nas nuvens, sempre sorrindo. Distribui muitos "Bom Dia" para qualquer um que pare para olhar seu sorriso. Anda em zig-zag, pula hidrante, roda nos postes. Muitos dizem que é louco, outros só que é infantil. Ele prefere a opinião do segundo grupo, mas admite que o primeiro não esta de todo errado. Se ser feliz é loucura, é ele o maior dos loucos. Chega no seu destino em cima da hora. Comprimenta a todos pessoalemnte com grandes abraços carinhosos. Muda a mascara.
É agora curioso, que tudo sobre todos quer saber. Faz uma verdadeira investigação com todos na fila do elevador. Oque fizeram? Onde estiveram? Com quem? Por que? Faz mais pergunta que a inquisição costumava fazer aos acusados de bruxaria! Em pouco tempo já sabe tudo que todos fizeram desde a ultima vez que se encontraram. Faz alguns comentarios quando isso lhe parece necessario, mas prefere ouvir a falar. Sabe que a melhor maneira de descobrir algo sobre alguem é parecer um ouvinte confiavel. E para isso basta sorrir e ficar calado. Abrir a boca só se for para fazer novas questões. Quando o elevador chega no andar correto já sabe tudo que queria saber, tem asunto para o resto do dia. Muda a mascara.
É agora funcionario exemplar. Quarda seus pertences e se apresenta em seu local de trabalho na hora exata. Limpa oque tem que limpar, organiza oque tem que organizar. Ajuda os companheiros de trabalho a se colocarem em seus postos de trabalho. Liga as máquinas, verifica se todos estão presentes, comprimenta o chefe com um aperto de mão e uma pergunta sobre como foi o dia anterior. Nunca presta atenção na resposta. Apenas sorri e volta ao seu lugar pronto para trabalhar. Parece contar os segundos para começar o trabalho, fica quieto, a respiração fica acelerada. Fixa os olhos na tela do computador. Muda a mascara.
É agora um malandro que a todos quer agradar. Se quem atende é baiano, cliente vira "Meu Rei" Se Quem atende é de minas, força os "erres" do seu portugues. Não importa quem atenda ele sempre da um jeitinho de agradar. É incistente e não desiste enquanto não encontra uma brecha para convencer que esta no outro lado da linha que o produto que oferece é bom. Não demora e alguem acredita e resolve comprar. Se diverte com cada ligação, sempre um novo golpe a aplicar. Mas logo chega a hora do almoço. Pausa para relaxar. Muda a mascara.
É agora um guloso. Nâo perde tempo algum. Corre e chega na frente, quando todods ainda estão chegando ele já esta sentado comendo um mar de coisas. Tantas causa estranhesa em quem vê. Não para nem para respirar, não faz piada, não se distrai e não pisca. Só pensa em comer. E come se fosse a sua ultima refeição. quando todos estão na metadade do prato o dele já esta vazio e ele na cadeira, de barrga cheia, todo esparramado. Muda a mascara.
Começa agora uma rodada de conversa com os amigos. Começa tambem um festival de mascaras. Com os maloqueriros é tambem um maloqueiro. Com os estudados é tambem um estudado. Com os pensadores é tambem úm pensador. Com os engraçados é tambem um engraçado. Muda a mascara conforme a necessidade. Muda a mascara. Muda a mascara. Muda a mascara e logo o dia acaba.
Logo esta em casa, descansando. E lá não existe mascara. Lá pode-se se ver que ele é sério quando só, é criança quando entre estranhos, é curioso quando entre conhecidos, é trabalhador sem deixar de ser malandro, é um baita de um guloso e adora conversar e agradar a todos e principalmente é um grande muleque carente. Que gosta de um abraço e precisa receber carinho e atenção. Que magoa facil. Que sente saudade e que não sabe esperar. Menino mimado que não seba se expressar. Mas isso só se vê quando esta em casa, em nenhum outro lugar. De forma que é impossivel falar com este artista sem ir até lá. A vida dele é um espetaculo e é na proteção do lar que o artista sai de cena e pode mesmo que por pouco tempo descansar. Muda a mascara.
É agora um escritor de blog abandonado, desses blogs que tem uma visita por ano. Papai Noel que vem entregar carvão elegando mal comportamento do escritor...

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