Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Vida de Pelucia

Os dias passam cada vez mais devagar. Nunca me ensinaram a contar, mas sei que já faz um tempão. è triste mas parece que é sempre assim. As crianças estão fadadas a crescer. Os adulltos estão fadados a esquecer. Não que eu esteja reclamando, tenho uma vida tranquila. Passo os dias e as noites jogado no meu canto. Nimguem me importuna. Vivo em paz aqui no meu cantinho. Mas acho que eu tambem estou crescendo um pouco. Crescendo não é bem a palavra. Estou envelhecendo.
Estou com saudades do tempo em que minha vida era mais movimentada. Cada dia num canto. As vezes me deixava ao sol. Aprendi a gostar do sol. Me fazia muito bem aquele calor todo. Me sentia quase vivo. Diziam que eu brilhava ao sol. Saudades.
Ah, bons tempos. Lembro quando resolvia mudar meu penteado. Bagunçava toda minha juba. Era um penteado pior que o outro. Mas era gostoso ver seu riso de criança quando acabava de pentear. E quantos foram os penteados estranhos? Sei que foram muitos, mas sinto que poderiam ter sido mais. Nunca mais bagunçou meu cabelo.
Na verdade nem me lembro quando foi a ultima vez que olhou para mim. Normalmente passa sem me perceber. Mas estou sempre lá, olhando para você. Não te culpo nem um pouco. Não é mais criança para brincar comigo. Não existem mais monstros no seu quarto para mim espantar. Não existe mais noites escuras nas quais lhe fazia bem me abraçar.
Mas sinto sua falta. Sinto falta do abraço, do penteado, do sol, da noite escura. E tantos outros momentos que já não se repetem a tanto tampo que eu já estou começando a esquecer. Eu que te ouvia tocar piano, vi teus desenhos inocentes se tornarem os quadros que hoje enfentam as paredes, eu que te vi sorrir , eu que te vi chorar, eu que foi teu amigo e quardiaõ por tanto tempo... hoje sou apenas eu. E tenho mais laços que me liguem a você.
É dura a vida de um animal de pelucia. Estou ficando velho, estou perdendo a cor. Fui abandonado num canto. E nada disso foi culpa minha. Foi só azar da minha parte. Fui dado de presente a uma alegre criança. Mas não tenho espaço na vida dessa ocupada mulher. Quem sabe o tempo me poupe e eu viva para ver outra criança nessa casa nascer. Assim passarei a ela, como herança. E brincarei com ela como hoje gostaria de brincar com você.