Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



terça-feira, 21 de julho de 2009

O Louco


Uma vidinha normal. Mais sem graça impossivel. Dizem os visinhos que a muito tempo ele não era assim tão regrado, mas hoje é quse um relógio. Acorda sempre no mesmo horario. Sai de casa na mesma hora, pontual. Pega sempre o mesmo onibus, e sempre repete o esmo "bom dia" rápido e descomprometido. Chega sempre na mesma hora, sempre com o mesmo estilo de roupa, muitas vezes sem nem mudar a cor. Faz tudo a sua maneira timida e regrada. Não conversa, nunca vai ao bar no fim do espediente. Sempre gentil, sempre contente. Uma calma e paciencia de asustar a qualquer um.
Nos fins de semana não sai de casa, muitos visinhos não o conhecem nem de vista. Não recebe visitas, não tem animais, quase nunca é visto saindo de sua casa. Quando sai, é para trabalhar.
Dizem que foi abandonado pela familia. Dizem que é louco. Dizem que matou alguem em algum lugar. Dizem muitas coisas... dessas que sempre dizem daqueles que não se enquadram.
A vida dele é simples, calma e normal. Mas todos acham que é normal demais. Sua casa esta sempre vigiada pelos visinhos curiosos. E oque eles veêm na casa? Nada de mais... Oque todos acham muito suspeito.
Ele não assiste televisão, prefere ler. Não come carne, é vegetariano. Limpa a casa duas vezes por semana. Lava os tapetes um vez ao mês. Rega as plantas dia sim , dia não. Lava e passa a roupa sempre que necessário. Reza todos os dias. Ninguem pode ser assim tão pacato!
Certa vez uns garotos inconformados jogaram pedras em suas janelas, 8 foram os vidros quebrados. Ele saiu de casaasustado, viu os garotos correndo e não disse uma palavra. Olhou as vidraças quebradas e passou a mão magricela pelos seus cabelos negors e lisos. Suspirou levemente. Entrou na casa, ligou para o vidraceiro e foi varrer os cacos.
Assim que o vidraceiro chegou lhe explicou oque tinha que ser feito, acertou o pagamento e foi para a sala ler um romance policial. A viziança nunca se esqueceu daquele dia.
Pois diante de tamanho atentado ele fez algo que surpreendeu a todos. Nada!
Ele jamais procurou os pais das crianças, nem gritou de raiva e muito menos deixou de dar doces no dia das bruxas. Ele agiu como se nada tivesse acontecido.
Muitos achavam que ele era um monstro, outros um robo... outros foram parar no psicologo por acreditarem que seu vizinho era uma assombração.
Um homem normal demais. As crianças não passavam por sua calçada. Os viznhos do lado mandaram almentar o muro que os separavam da casa do "homem normal demais". E assim começou a ser chamado.
Passaram-se anos e anos e a vida dele nada mudou. A mesma vida, a mesma casa, a mesma rotina regrada. Muitos até o utilizavam como um relógio. Sabiam que o leiteiro passava dois minutos depois que a luz da cozinha do "Normal demais" acendia. Sabiam que a missa de domingo era quinze minutos depois que "Normal demais" Saia de casa de terno e cabelo arrumado. Todos sempre acharam que sabiam tudo da vida daquele senhor.
Mas certo dia algo estranho aconteceu. Era uma quarta feira se bem me lembro.
O leiteiro passou e as luzes de "Normal demais" ainda estavam apagadas. Até mesmo o próprio leiteiro demorou a entender que não era ele o atrasado. Para o espanto de todos "Normal demais" se atrasou. Pouco a pouco os vizinhos foram saindo de suas casas. Os que estavam acordados iam acordando os outros e todos foram se aproximando da casa. Era o maior evento que já havia acontecido naquela rua. Muitos já entitulavam o dia como "Morre Normal demais".
O visinho da esquerda, que vivia lá desde o dia da mudança do estranho senhor"Normal demais" Se aproximou da porta. Bateu tres vezes, esta tremendo. ingeum respondeu. Mais tres batidas, fortes e desisperadas. E nenhum sinal de vida.
Ele gritou com força : Senhor... Senhor... Senhor da csa 87! Esta tudobem???
Um voz repondeu, não de dentro da casa. Mas sim do quintal dos fundos.
Era a mesma oz que distribuia aquele "bo dia" seco e sem graça todas as manhas.
Foi um estouro de boiada. A vizinhança correu para os fundos da casa e não acreditou no que viu!
Lá estava normal demais a uns tres metros do chão, em cima de algo que parecia um varal. Estava ele de terno e gravata, sapatos engraçados e cabelo arrumado. Alguns ainda confusos até acharam que já era hora da missa!!!
O homem sorriu a todos, fez uma reverencia e na frente de toda vizinhança ele apresentou um espetaculo de equilibrismo na croda bamba. O sol ia raiando e ele lá no alto, pulando, cantando e dançando.
E no chão estava a platéia, de boca aberta. Estavam lá tambem os bombeiros e a policia. E o leiteiro e o carteiro. O garoto que entrega os jornais e até um sem teto que as vezes passava por lá. Todos calados.
Com o tempo eles foram indo embora, um por um. Sem dizer nada.
Naquele ia ninguem foi trabalhar ou a escola. A rua inteira passou o dia em estado de choque.
Anoiteceu e outro dia amanheceu.
O leiteiro dobrou a esquina de olhos fechados, mas quando os abriu viu que as luzesda casa de Normal demais estavam acesas. Aquele dia seguiu como todos os outros e a vida de todos pareceu voltar a normalidade. Mas as vezes a luz da casa de normal de mais não acende, nem sempre numa quarta feira. E nesses dias todos almentam os esforços para não olhar para aquela casa estranha. Onde mora um senhor "normal demais", que como qualquer outra pessoa no mundo, não é tão normal assim. Para qualquer pessoa que mora nessa rua, eles conviviam com um louco! Mas para aquele pacato senhor, ele vivia num mundo de loucos onde era extremamente solitário ser o unico normal.

Nenhum comentário: