Uma tentativa, as vezes um tanto falha, de expressar a vida com palavras.



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A dor e o sabor da lembrança



Era noite, estranhamente clara. Ela tinha criado o habito de,sempre que possivel, sair da toca e visitar os campos de trigo. Todos sabemos que raposas não comem pão. Portanto o trigo para ela deveria ser inutil. Nós só damos importancia para o trigo pois com eles fazemos pão. Mas e ela?
As estrelas brilhavam como nunca! Um vento morno, vindo das terras quentes, balançavam o trigo e faziam os campos se trenformarem em um mar revolto e dourado. E era lindo o canto do vento por entre os campos.
E no meio desse espetáculo natural, alguem chorava. Era ela, a pequena raposa. Chorava e sussurava, bem baixinho e soluçando:
-Eu lucro por... por causa da cor do... do... trigo.
Tinha os olhos humidos voltados para as estrelas, olhando uma por uma, como quem procura algo e não encontra. Para a raposa as estrelas escondiam um olhar de canto de olho, que parecia mudar de estrela para estrela, Fugindo do olhar direto da raposa.
Os campos de trigo, aos olhos dela, eram fios de cabelos loiros que dançavam com o vento. E o lindo som dessa dança tinha a musicalidade de passos agradados de maneira inquieta e agitada.
E no meio dessas lembranças ela dizia, no mesmo tom:
-Tu és...res... responsavel pela rosa... és sim.
Ela deu um longo suspiro e sorrio. Levantou e foi lentamente andando de volta a sua toca.
Os cabelos dourados voltaram a ser trigo, os olhares de canto de olho a ser estrelas, os sons de passaro vontaram a ter som de vento.
Com o rosto ainda humido ela se virou mais uma vez para o céu dizendo:
- Os homens esqueceram essa verdade. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa... E eu por ti.
Andou com passos mais rapidos e entrou na toca. Lá dentro deitada aguardou o sono inquieta. Onde estaria o garoto que dá importancia ao trigo? O coração dizia que ele tinha voltado para sua casa nas estrelas. Mas não podia dizer se um dia ele iria voltar. Uma ultima lagrima rolou antes que a raposa adromece-se.
Uma frase se fez escutar. Tlavez tenha escapado de boca da sonolenta raposa ou talvez tenha vindo no vento. Mas dizia assim:
-A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."

Um comentário:

Unknown disse...

tem gente que corre o risco de chorar pra caramba